quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Metrô de Nova York ganhará anúncio que liga Islã a 'homem selvagem'

Por MATT FLEGENHEIMER, do New York Times (internacio@o | Agência O Globoqua, 19 de set de 2012

Anúncio já está sendo divulgado no transporte público de São Francisco, nos EUA. (Foto: Divulgação)

 
NOVA YORK - Enquanto violentos e às vezes mortais protestos consomem grande parte do mundo árabe em resposta ao vídeo anti-Islã produzidos nos EUA, os novaiorquinos irão em breve defrontar-se como uma nova polêmica envolvendo o Islã: uma propaganda no sistema de trânsito que terá a frase "Em qualquer guerra entre o homem civilizado e o selvagem, apoie o civilizado". A mensagem é concluída com as palavras "Apoie Israel, enfrente a jihad".

Depois de ter rejeitado o anuncio inicialmente e perdido uma ação na Justiça, a Autoridade Metropolitana de Transporte da cidade anunciou na terça-feira que a propaganda deve ser colocada em dez estações de metrô.

- Nossas mãos estão amarradas - disse Aaron Donovan, porta-voz do órgão, quando perguntado sobre a duração do anúncio.

Em julho, o juiz Paul A. Engelmayer, da Corte Distrital Federal em Manhattan, entendeu que a autoridade de transporte havia violado os direitos, assegurados na Primeira Ementa, do grupo que queria divulgar o anúncio, a Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana. A autoridade de transporte havia citado a linguagem "degradante" da propaganda na tentativa de barrar sua instalação.

A autoridade, que também recorreu da decisão em julho, também pediu que o juiz postergasse a implementação de sua decisão até o encontro até encontro da cúpula do órgão, em 27 de setembro. Mas em outra decisão no mês passado, o juiz Engelmayer ordenou que a agência revisasse sua política de publicidade em duas semanas ou que procurasse prolongar o processo em uma corte de apelação. Nenhuma das duas coisas foi feita.

Em Washington, publicação "suspensa"

Agora, a autoridade de transporte de Nova York se vê em uma situação difícil. A Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana também comprou espaços em Washington, mas autoridade de transporte local disse na terça-feira que "suspendeu" a colocação dos anúncios em razão de uma "preocupação com segurança pública por causa dos últimos eventos no mundo".

Uma opção similar não está disponível para a autoridade de transporte de Nova York por causa da decisão judicial. De acordo com Donovan, o órgão deve considerar revisar suas políticas de publicidade na reunião da cúpula na próxima semana.

Pamela Gettler, a diretora-executiva da Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana disse por e-mail na terça-feira que o oficiais de trânsito de Washington estavam "sendo servis à ameaça de terrorismo jihadista". Ela afirma ainda que os eventos recentes no Oriente Médio não deram a ela "um segundo de descanso" sobre a colocação dos anúncios em Nova York;

"Eu nunca vou tremer ante intimidação violenta, e parar de dizer a verdade porque fazê-lo é perigoso. A liberdade deve ser vigorosamente defendida", disse. "Se alguém comete violência, é responsabilidade dela e de mais ninguém."

"Não é islamofobia, é islamorrealismo", diz outro anúncio

O grupo também fez campanha nas estações da linha de trem Metro-North, com cartazes que citam os "ataques islâmicos mortais" desde o 11 de Setembro e diz: "Não é islamofobia. É islamorrealismo"
A autoridade de transporte diz que não tentou bloquear esses anúncios porque eles não atingiram o limite da agência para linguagem "degradante", como o anúncio que se referia ao "selvagem".

Muneer Awad, diretor-executivo da seção de Nova York do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, disse que as propagandas eram uma tentativa de "definir os muçulmanos" por meio da linguagem de ódio.

- Nós encorajamos os muçulmanos americanos a se definirem eles mesmos - disse.

Awad afirmou ainda que o grupo não pediu a remoção dos anúncios, embora tenha solicitado à autoridade de transporte o redirecionamento dos fundos que receber dos anúncios para a Comissão de Direitos Humanos da cidade.

- É perfeitamente legal ser intolerante e ser racista - disse ele. - O que queremos garantir é que podemos ter uma voz contrária.




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