quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A inserção do negro no futebol brasileiro

O Vasco foi campeão carioca em 1923 com um time repleto de negros e mulatos (Foto: Reprodução internet)

Este dia 20 de novembro de 2012 marca os 317 anos da morte de Zumbi dos Palmares, e o feriado conhecido como Dia da Consciência Negra visa lembrar aos brasileiros a importância do povo africano na formação da cultura nacional. E, como não podia deixar de ser, no futebol, esporte mais importante do país e forte expressão da cultura brasileira, o negro também teve - e continua tendo - participação importante.

O futebol chegou ao Brasil com status de esporte de elite. Na Inglaterra, já era jogado por operários de fábricas, mas chegou a terras brasileiras por meio de estudantes de classe alta, que voltavam do Reino Unido com bolas e chuteiras na bagagem, como foram os casos de Charles Miller e Oscar Cox, os pioneiros da modalidade no Brasil.

Bangu e Vasco: pioneirismo e "exclusão"

No entanto, não demorou muito para que o football conquistasse os operários e trabalhadores também do Brasil. O exemplo mais simbólico é o do Bangu Atlético Clube, time fundado por ingleses, mas formado, em grande parte, pelos operários da Fábrica de Tecidos Bangu, no subúrbio do Rio de Janeiro. O clube foi o primeiro no estado a escalar um atleta negro, Francisco Carregal, em 1905. O feito fez com que, em 1907, a Liga Metropolitana de Football (equivalente à atual FERJ) publicasse uma nota proibindo o registro de "pessoas de cor" como atletas amadores de futebol. O clube, então, optou por abandonar a Liga e não disputar o Campeonato Carioca.

O Bangu ficou conhecido como um clube símbolo da luta contra o racismo no futebol brasileiro, mas foi o Vasco da Gama que entrou para a História ao conquistar um título com um plantel formado quase que inteiramente por jogadores negros, muitos deles "contratados" junto ao Bangu (à época, o futebol ainda era amador, e não havia contratações formais de atletas). O clube, que em 1905 já havia elegido um presidente mulato, Cândido José de Araújo, foi campeão carioca em 1923, seu ano de estreia na Primeira Divisão, e despertou a ira dos rivais. No ano seguinte, Fluminense, Flamengo, Botafogo e outros times abandonaram a Liga e fundaram a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), entidade à qual o Vasco só poderia se filiar se dispensasse seus 12 atletas negros.

Cabelo esticado e pó-de-arroz para disfarçar


Apesar do grande racismo no futebol brasileiro no início do século XX, o primeiro grande ídolo da modalidade no país foi justamente um mulato. Filho de um alemão com uma brasileira negra, Arthur Friedenreich foi o maior jogador brasileiro na época do futebol amador. Autor do gol que daria o primeiro título à Seleção Brasileira, o Sul-Americano de 1919, Friedenreich era mulato e tinha olhos verdes. antes de entrar em campo, o atacante esticava o cabelo rente ao couro cabeludo para parecer "mais branco".

Tática semelhante foi usada por Carlos Alberto, jogador que trocou o America pelo Fluminense em 1914. Como a camisa branca do clube de elite da zona sul contrastava com sua pele mulata, Carlos Alberto entrava em campo maquiado com pó-de-arroz, que, ao longo da partida, ia escorrendo junto ao suor. A torcida então passou a gritar "pó-de-arroz", que posteriormente se tornaria um apelido dos adeptos tricolores.

Profissionalismo e a inserção do negro no futebol


O Fluminense, aliás, também teve sua participação na luta contra o racismo no futebol, apesar de involuntariamente. À medida que a presença de negros e mulatos foi se tornando cada vez mais aceita dentro dos elencos - ou necessária, pois o nível do futebol praticado em campo ia melhorando e os times se viam obrigados a contar com jogadores de todos os tons de pele para poder competir em pé de igualdade com seus rivais - o clube das Laranjeiras viu aumentar o preconceito dos sócios com os jogadores negros que frequentavam sua sede. Como uma medida para separar sócios de jogadores, o Fluminense entrou na briga pela profissionalização do futebol no início da década de 1930, fazendo com que seus jogadores, agora empregados assalariados, entrassem na sede das Laranjeiras pela porta de funcionários e não mais tivessem contato com os sócios elitistas.

A profissionalização do futebol no Brasil foi um grande passo para a redução do racismo na modalidade. Como os atletas passaram a ser contratados e pagos de acordo com seu nível técnico, a cor de pele dos jogadores passou a ser uma questão menos importante. A nova situação do futebol brasileiro propiciou o reconhecimento de talentos como Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que encantou o mundo na Copa de 1938, na França. Antes disso, a presença de negros na Seleção Brasileira ainda era vista com maus olhos.

Em 1921, por exemplo, o então presidente Epitácio Pessoa sugeriu que não fossem convocados jogadores negros para a disputa do Sul-Americano daquele ano para que fosse projetada no exterior "uma imagem composta pelo melhor da sociedade brasileira". No entanto, a popularização do futebol ao longo do século passado o expandiu a todas as camadas sociais do país, e negros como Domingos da Guia, Leônidas, Barbosa, Nilton Santos e outros foram conquistando seu espaço nos clubes e na Seleção e agregando valor ao futebol brasileiro.

Atualmente, ainda não é possível dizer que o futebol brasileiro se viu livre do racismo. No entanto, é evidente o reconhecimento da participação do negro no desenvolvimento do futebol do país, a ponto de o melhor jogador de todos os tempos, eleito atleta do século XX, Pelé, ser negro e não precisar esticar o cabelo nem passar pó-de-arroz para ter seu talento reconhecido.

sábado, 10 de novembro de 2012

Anúncios "matam" Hitler, Saddam e Stalin

Anúncios matam ditadores
FOTO: Reprodução
"Bem, não é sempre assim. Geralmente, a vítima é um inocente". É o que diz o anúncio criado por uma organização de vitimas de acidentes rodoviários. Com o intuito de conscientizar as pessoas para que elas tenham consciência na hora de dirigir, as peças mostram as imagens de grandes vilões da História esborrachados no para-brisa de um carro.
O ditador russo Joseph Stalin, o carrasco alemão nazista Adolf Hitler e o vilão iraquiano Saddam Hussein são as "vítimas" da série de anúncios.
Esta não é a primeira vez que ditadores são utilizados para inspirar os criativos.
"Gentil e efetivo alívio para constipação" - Anúncio para laxante - Mais informações.
"Comunista - Conquistador: bigodes fazem a diferença" - Anúncio para angariar fundos para pesquisas contra o câncer. Mais informações.
"50 anos juntos cortando a voz da opressão" - Anúncio em comemoração ao aniversário da Anistia Internacional. Mais informações.
"AIDS é um assassino em massa" - Criada para conscientizar o público alemão na prática do sexo seguro. Mais informações.
Com informações do Ads Of The World.
Redação Adnews

domingo, 14 de outubro de 2012

Fantástico conversa com mulher-símbolo da guerra do Vietnã

 
Kim Phuc contou ao repórter Roberto Kovalick como superou a tragédia e aprendeu a perdoar.
 
Kim Phuc, a menina da foto que revelou o horror da guerra do Vietnã, esteve no Brasil esta semana. Ela contou ao repórter Roberto Kovalick como superou a tragédia e aprendeu a perdoar.

 
Quem a conhece quer posar ao lado dela. Afinal, Kim Phuc é a menina da foto que ajudou a acabar com uma guerra.

1972. Vietnã. Na vila onde Kim morava, um avião jogou bombas de napalm, substância incendiária feita à base de gasolina - hoje, proibida pelas Nações Unidas.

Do meio do fogo e da fumaça, surgiram crianças queimadas.

Um fotógrafo registrou aquele momento para a história. Kim, com 9 anos de idade, aparecia gritando e nua, porque as roupas foram queimadas junto com parte da pele.
Em palestras no Brasil, Kim conta:

"Infelizmente, os soldados que tentaram me ajudar não sabiam que o napalm queima embaixo da pele, e jogaram água em mim. Isso fez o napalm queimar ainda mais profundamente. E eu desmaiei", diz Kim Phuc.

A foto rodou o mundo. Um impacto tão grande que o presidente americano na época, Richard Nixon, disse: "Isso é uma montagem".

E influiu na pressão da sociedade americana para encerrar a guerra, que ainda levou três anos.

Enquanto tudo isso acontecia, Kim estava em um hospital, para onde foi levada pelo próprio fotógrafo Nick Ut. Já adulta, Kim o reencontrou.
“Ele fez o trabalho dele. Não apenas tirou a foto, mas deu um passo além do dever profissional. Ele me ajudou, salvou a minha vida. Sou muito agradecida por isso”, conta Kim.

Quarenta anos depois, as marcas da guerra ainda são visíveis no corpo de Kim. As cicatrizes causadas por napalm são impossíveis de apagar. Ela geralmente usa roupas de mangas compridas, para não chamar demais a atenção, não chocar as pessoas. Mas não se recusa a mostrar as cicatrizes quando alguém pede. São uma espécie de registro da história.

“Estas são minhas cicatrizes. Estão também nas minhas costas. Foi aqui que eu vi meu corpo pegando fogo. E tentei apagar com a outra mão”, mostra Kim.

“Elas ainda doem?”, pergunta o repórter.

“Sim, muita dor. Nas costas e também aqui. Quando o tempo muda, quando faço alguns movimentos e quando adoeço, a dor aparece”, conta Kim.

Há 18 anos, ela reencontrou o capitão americano que comandou o ataque.

“No começo foi muito difícil perdoar, porque sou um ser humano. Eu comecei a rezar pelos meus inimigos e meu coração se tornou mais leve. É por isso que estou sempre sorrindo e sou sempre positiva”, diz Kim.

Kim se tornou embaixadora da boa vontade da Unesco e criou uma fundação para ajudar outras crianças vítimas de guerras. E corre o mundo inspirando jovens com uma mensagem de paz, fé e perdão.
 
“Assistir à palestra dela é uma motivação a mais”, conta uma jovem.

“Ela perdeu praticamente tudo que ela tinha, toda a vida dela, e hoje ela está aqui, mostrando que ela conseguiu reverter a dor em amor”, acrescenta um jovem.

“A mensagem que eu quero dar para as pessoas do Brasil é que todo mundo pode aprender a viver com amor, com esperança e perdão. O desafio para todo mundo é: se aquela menininha pôde fazer isso, todo mundo pode fazer também”, declara Kim.

Fonte: Fantástico.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Armas de Bonnie e Clyde são leiloadas por mais de R$ 1 milhão

História do casal de assaltantes mortos pela polícia em 1934 foi transformada em filme vencedor de 2 Oscars em 1967.

BBC
 

As armas usadas pelo notório casal de assaltantes americanos Bonnie Parker e Clyde Barrow foram vendidas por mais de meio milhão de dólares (mais de R$ 1 milhão) em um leilão neste domingo nos Estados Unidos.

A história de Bonnie e Clyde, que morreram cravejados de balas pela polícia em 1934, foi transformada em 1967 em um filme vencedor de dois Oscars, com Warren Beatty no papel de Clyde e Faye Dunaway no papel de Bonnie.

Os crimes cometidos pela dupla em pleno auge da Grande Depressão os colocou como figuras de destaque no imaginário americano.

As armas do casal foram vendidas como parte de um leilão intitulado American Gangsters, Outlaws and Lawmen (Gangsters Americanos, Foras da Lei e Homens da Lei), realizado pela companhia de leilões RR Auction no Estado de New Hampshire.

O revólver Colt Detective Special .38 de Bonnie foi vendido por US$ 264 mil, enquanto a pistola 1911 Army Colt .45 de Clyde recebeu um lance máximo de US$ 240 mil.

O leilão também teve pertences de Al Capone e do detetive Eliot Ness, entre outros nomes conhecidos.

'Tragédia de Shakespeare'

Bonnie Parker e Clyde Barrow ganharam notoriedade por uma série de assaltos a banco e assassinatos até serem mortos pela polícia em uma emboscada em 23 de maio de 1934.

Além das armas que o casal portava, também foram leiloados objetos retirados do carro onde eles foram mortos, como o estojo de maquiagem de Bonnie e um maço de fotos.

O professor aposentado de história E.R. Milner afirma que é clara a razão pela qual o casal ganhou tanta notoriedade.

'Os americanos e, acredito, a maioria das pessoas, adoram amantes... e aqui estavam estes jovens no meio da pior depressão econômica da história do mundo lutando pelo que acreditavam que era certo e amando um ao outro', disse ele à BBC.

'Era quase como uma tragédia de Shakespeare transportada para uma estrada poeirenta da Louisiana', afirmou.

Fonte: G1.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

R.I.P. Eric Hobsbawn


Morre aos 95 anos o historiador Eric Hobsbawm

Intelectual é considerado um dos maiores historiadores do século XX.
Ele escreveu 'A era das revoluções', 'A era do capital' e outras obras.

Do G1, em São Paulo

Eric Hobsbawm durante uma feira do livro em Leipzig, em 1999 (Foto: Eckehard Schulz/AP)Eric Hobsbawm durante uma feira do livro em Leipzig, em 1999 (Foto: Eckehard Schulz/AP)
O historiador britânico Eric Hobsbawm morreu nesta segunda-feira (1º) aos 95 anos em um hospital de Londres, informou sua família. Ele sofria de pneumonia.

O intelectual marxista é considerado um dos maiores historiadores do século XX e escreveu "A era das revoluções", "A era do capital", "A era dos impérios", "Era dos extremos", "História social do jazz", entre outras obras.

Hobsbawm nasceu de uma família judia em Alexandria, Egito, em 1917. Ele cresceu em Viena, Áustria, e Berlim, Alemanha, e se mudou para Londres, Inglaterra, em 1933, obtendo a cidadania inglesa. O historiador se filiou ao Partido Comunista da Inglaterra em 1936.

Ele estudou no King's College de Londres e começou a dar aula na Universidade de Birkbeck em 1947, mais tarde tornando-se presidente da instituição.

Em 1962, ele publicou o primeiro de três volumes sobre o que chamou de "o longo século XIX", cobrindo o período entre 1789, ano da Revolução Francesa, e 1914, começo da I Guerra Mundial. O volume seguinte, "Era dos extremos", retratou a história até 1991, o fim da União Soviética.

De acordo com o jornal britânico "The Guardian", ele tem um livro em revisão a ser publicado em 2013.

Ele veio ao Brasil em 2003 participar da primeira edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), evento do qual foi estrela.

O historiador britânico Eric Hobsbawm posa durante a primeira edição da Flip, em 2003; ele foi considerado a estrela daquela edição  (Foto: Divulgação)
O historiador britânico Eric Hobsbawm posa durante a primeira edição da Flip, em 2003; ele foi considerado a estrela daquela edição (Foto: Divulgação)
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Jornal do Vaticano diz que papiro que fala em casamento de Jesus é falso

Publicação da Igreja põe em xeque origem do documento. Especialista ressalta que papiro não seria prova de que Jesus era casado.

Da EFE

 
O jornal vaticano "L'Osservatore Romano" afirmou nesta quinta-feira (27) que o papiro recentemente apresentado no qual aparece a frase em copta "Jesus disse a eles, minha esposa ...", que alimentou a teoria que Cristo fosse casado, é "falso".

Pedaço de papiro traz a inscrição: 'Jesus disse a eles, minha esposa' (Foto: Karen L. King/Harvard/Divulgação)
Pedaço de papiro traz a inscrição: 'Jesus disse a eles, minha esposa' (Foto: Karen L. King/Harvard/Divulgação)


O vespertino da Santa Sé publicou em sua edição de hoje um artigo do professor italiano Alberto Camplani, especialista em língua copta e professor de História do Cristianismo na Universidade La Sapienza de Roma, no qual analisa o papiro recuperado pela professora americana Karen King, que levantou a polêmica.


Em seu artigo, Camplani afirma que Karen apresentou o papiro como do século 4 e que o texto pode ter sido escrito no século 2, "quando se debatia sobre se Jesus esteve casado".
 
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Camplani expressou sua "reserva" sobre esse ponto e disse que, perante um objeto desse tipo, "que, ao contrário de outros papiros, não foi descoberto em uma escavação, mas provém de um mercado de antiguidades, é preciso adotar precauções, que excluam que se trata de algo falsificado".

O especialista italiano acrescentou que, no que concerne ao texto, a própria Karen propõe vê-lo não como uma prova do estado conjugal de Jesus, mas como uma tentativa de fundar uma visão positiva do casamento cristão.

"Mas não é assim, tratam-se de expressões totalmente metafóricas, que simbolizam a consubstancialidade espiritual entre Jesus e seus discípulos, que são amplamente divulgadas na literatura bíblica e na cristã primitiva", comentou o especialista.

O jornal vaticano acrescentou que de todas as maneiras se trata de um documento "falso" e ressaltou que a historiadora americana preparou o anúncio "sem deixar nada ao acaso: imprensa americana avisada e entrevista coletiva prévia de King para preparar a exclusiva mundial, que, no entanto, foi posta em dúvida pelos especialistas".

Segundo o vespertino da Santa Sé, "razões consistentes" fazem pensar que o papiro seja uma "trôpega falsificação, como tantas que chegam do Oriente Médio", e que as frases nada têm a ver com Jesus.

Fonte: G1.

Zumbi

(Jorge Ben Jor - Divinamente interpretada por Ellen Oléria)

Angola congô benguela
Monjolo capinda nina
Quiloa rebolo

Aqui onde estão os homens
Há um grande leilão
Dizem que nele há
Uma princesa à venda
Que veio junto com seus súditos
Acorrentados em carros de boi

Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver

Angola congô benguela
Monjôlo capinda nina
Quiloa rebolo

Aqui onde estão os homens
Dum lado cana de açúcar
Do outro lado o cafezal
Ao centro senhores sentados
Vendo a colheita do algodão branco
Sendo colhidos por mãos negras

Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver

Quando Zumbi chegar
O que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
È senhor das demandas
Quando Zumbi chega e Zumbi
É quem manda

Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Metrô de Nova York ganhará anúncio que liga Islã a 'homem selvagem'

Por MATT FLEGENHEIMER, do New York Times (internacio@o | Agência O Globoqua, 19 de set de 2012

Anúncio já está sendo divulgado no transporte público de São Francisco, nos EUA. (Foto: Divulgação)

 
NOVA YORK - Enquanto violentos e às vezes mortais protestos consomem grande parte do mundo árabe em resposta ao vídeo anti-Islã produzidos nos EUA, os novaiorquinos irão em breve defrontar-se como uma nova polêmica envolvendo o Islã: uma propaganda no sistema de trânsito que terá a frase "Em qualquer guerra entre o homem civilizado e o selvagem, apoie o civilizado". A mensagem é concluída com as palavras "Apoie Israel, enfrente a jihad".

Depois de ter rejeitado o anuncio inicialmente e perdido uma ação na Justiça, a Autoridade Metropolitana de Transporte da cidade anunciou na terça-feira que a propaganda deve ser colocada em dez estações de metrô.

- Nossas mãos estão amarradas - disse Aaron Donovan, porta-voz do órgão, quando perguntado sobre a duração do anúncio.

Em julho, o juiz Paul A. Engelmayer, da Corte Distrital Federal em Manhattan, entendeu que a autoridade de transporte havia violado os direitos, assegurados na Primeira Ementa, do grupo que queria divulgar o anúncio, a Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana. A autoridade de transporte havia citado a linguagem "degradante" da propaganda na tentativa de barrar sua instalação.

A autoridade, que também recorreu da decisão em julho, também pediu que o juiz postergasse a implementação de sua decisão até o encontro até encontro da cúpula do órgão, em 27 de setembro. Mas em outra decisão no mês passado, o juiz Engelmayer ordenou que a agência revisasse sua política de publicidade em duas semanas ou que procurasse prolongar o processo em uma corte de apelação. Nenhuma das duas coisas foi feita.

Em Washington, publicação "suspensa"

Agora, a autoridade de transporte de Nova York se vê em uma situação difícil. A Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana também comprou espaços em Washington, mas autoridade de transporte local disse na terça-feira que "suspendeu" a colocação dos anúncios em razão de uma "preocupação com segurança pública por causa dos últimos eventos no mundo".

Uma opção similar não está disponível para a autoridade de transporte de Nova York por causa da decisão judicial. De acordo com Donovan, o órgão deve considerar revisar suas políticas de publicidade na reunião da cúpula na próxima semana.

Pamela Gettler, a diretora-executiva da Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana disse por e-mail na terça-feira que o oficiais de trânsito de Washington estavam "sendo servis à ameaça de terrorismo jihadista". Ela afirma ainda que os eventos recentes no Oriente Médio não deram a ela "um segundo de descanso" sobre a colocação dos anúncios em Nova York;

"Eu nunca vou tremer ante intimidação violenta, e parar de dizer a verdade porque fazê-lo é perigoso. A liberdade deve ser vigorosamente defendida", disse. "Se alguém comete violência, é responsabilidade dela e de mais ninguém."

"Não é islamofobia, é islamorrealismo", diz outro anúncio

O grupo também fez campanha nas estações da linha de trem Metro-North, com cartazes que citam os "ataques islâmicos mortais" desde o 11 de Setembro e diz: "Não é islamofobia. É islamorrealismo"
A autoridade de transporte diz que não tentou bloquear esses anúncios porque eles não atingiram o limite da agência para linguagem "degradante", como o anúncio que se referia ao "selvagem".

Muneer Awad, diretor-executivo da seção de Nova York do Conselho de Relações Americano-Islâmicas, disse que as propagandas eram uma tentativa de "definir os muçulmanos" por meio da linguagem de ódio.

- Nós encorajamos os muçulmanos americanos a se definirem eles mesmos - disse.

Awad afirmou ainda que o grupo não pediu a remoção dos anúncios, embora tenha solicitado à autoridade de transporte o redirecionamento dos fundos que receber dos anúncios para a Comissão de Direitos Humanos da cidade.

- É perfeitamente legal ser intolerante e ser racista - disse ele. - O que queremos garantir é que podemos ter uma voz contrária.