sábado, 13 de abril de 2013

Margaret Thatcher morre na Inglaterra

Primeira mulher premiê do Reino Unido morreu aos 87, vítima de derrame.
Polêmica, Thatcher era chamada de Dama de Ferro devido ao pulso firme.

Do G1, em São Paulo
 
 

Morreu nesta segunda-feira (08/04/2013) aos 87 anos Margaret Thatcher, primeira mulher a se tornar primeira-ministra britânica, cargo no qual ficou por três mandatos consecutivos, entre 1979 e 1990.

Ela foi uma das figuras dominantes na política inglesa no século XX, ao dirigir um governo que reduziu o tamanho do Estado e transformou o Reino Unido.

Sua política neoliberal, que entrou para a história com o nome de “thatcherismo”, ainda influencia líderes mundialmente e é criticada e elogiada até hoje, inclusive no Brasil.


O porta-voz da família de Thatcher informou ela morreu em Londres, em consequência de um acidente vascular cerebral.

"É com grande tristeza que Mark e Carol Thatcher anunciam que sua mãe, a baronesa Thatcher, morreu em paz depois de um derrame, esta manhã," disse o Lorde Tim Bell, o porta-voz.

Repercussão
Após sua morte, o atual premiê britânico, o conservador David Cameron, disse que o Reino Unido "perdeu uma grande líder, uma grande primeira-ministra e uma grande britânica".

O premiê voltou ao Reino Unido, interrompendo uma visita a países europeus. Ele estava em Madri, capital da Espanha, para encontrar seu colega Mariano Rajoy, quando soube da morte. Ele iria depois a Paris, para conversar com o presidente Francois Hollande.

A Rainha Elizabeth II também lamentou a morte de Thatcher. "A rainha recebeu com grande tristeza a notícia da morte da baronesa Thatcher", comunicou o palácio de Buckingham.

Leia mais repercussões sobre a morte da Dama de Ferro.

Doença

Thatcher havia sido internada pela última vez em dezembro de 2012, quando passou por uma cirurgia na bexiga.

saiba mais

Ela não falava em público desde 2002, quando os médicos desaconselharam a presença diante de audiências após uma série de pequenos derrames que deixaram como sequela confusões ocasionais e perdas de memória.

A filha Carol escreveu em suas memórias, publicadas em 2008, que, nos piores momentos, Thatcher tinha dificuldades para terminar as frases e esquecia que o marido, Denis, havia morrido em 2003.

Cerimônia fúnebre e cremação
O governo britânico anunciou que Thatcher, cujo nome completo era Margaret Hilda Thatcher, terá um "funeral cerimonial", com honras militares, mas não um "funeral de Estado". Ele será realizado na Catedral de Saint Paul, em Londres.

O funeral cerimonial está abaixo do funeral de Estado, realizado pela última vez no Reino Unido para alguém de fora do círculo da monarquia em 1965, por ocasião da morte de Winston Churchill.

Os últimos funerais do mesmo tipo reservado a Thatcher foram realizados pela morte da rainha Elizabeth, a "Rainha-mãe", em 2002, e de Diana, princesa de Gales, em 1997.

Ainda não foi definida uma data, e mais detalhes serão divulgados nos próximos dias.

"Uma ampla e diversa variedade de pessoas com grupos e ligações com Lady Thatcher vai ser convidada", disse o escritório do premiê.

"O serviço vai ser seguido por uma cremação privada. Todos os preparativos estão sendo tomados em linha com os desejos da família", diz o texto de Downing Street.

Arte Margaret Thatcher versão 2 - vale esta (Foto: Arte/G1)

Vida
Margaret Hilda Roberts nasceu em 13 de outubro de 1925 em Grantham, Lincolnshire.

Seu pai era pastor e membro do conselho da cidade, além de comerciante.

Na casa da família, a missa era obrigatória, e o trabalho, em casa ou ajudando o pai no comércio, era uma segunda religião, razão pela qual a jovem saía pouco.

Por conta disso, ela se tornou uma "viciada em trabalho".

Pessoas próximas contam que ela costumava dormir quatro horas diárias e trabalhava "o resto do tempo".

Maggie graduou-se em química em Oxford em 1947 e depois também estudou direito, formando-se em 1954.

Desta época, data o seu interesse e sua aproximação da política

Em 1951, casou-se com Denis Thatcher, um rico homem de negócios, com quem, dois anos depois, teve dois filhos gêmeos, Carol e Mark.

Além de lhe dar seu nome, Denis a acompanhou e apoio durante mais de 50 anos de casamento, até morrer em 2003.

Carreira política
Thatcher se tornou membro dos Tories, como é chamado o Partido Conservador, no Parlamento de Finchley, ao norte de Londres, em 1959, onde cumpriu mandato até 1962.

Seu primeiro cargo parlamentar foi como ministra-assistente para previdência no governo de Harold Macmillan.

De 1964 a 1970, quando o Partido Trabalhista assumiu o poder, ela ocupou diversos cargos no gabinete de Edward Heath. Heath se tornou primeiro-ministro em 1970, e Thatcher, sua secretária de Educação.

Durante o período que ocupou a pasta, ela aumentou o orçamento da educação no país, mas foi criticada por abolir o leite que era gratuito em escolas para crianças.

A medida polêmica lhe deu o apelido de “Thatcher the Milk Snatcher”, algo como “Thatcher, a Ladra de Leite”.

Após os conservadores sofrerem nova derrota, em 1974, Thatcher concorreu com Heath pela liderança do partido e, para surpresa de muitos, venceu a indicação. Em 1979, o Partido Conservador venceria as eleições gerais, e ela se tornaria primeira-ministra, aos 54 anos.

Cinco anos antes, ela havia declarado: "Serão necessários anos - e não verei isso de novo durante a minha vida - para que uma mulher dirija este partido ou se torne primeiro-ministro".

Leia outras frases marcantes de Thatcher.

‘Thatcherismo’
Com ideias arrojadas, ela criou uma nova expressão no dicionário inglês: “thatcherismo”, que significa uma política que privilegia a liberdade de mercado, as privatizações, preconiza menos intervenção do governo na economia e mais rigor no tratamento com os sindicatos de trabalhadores.

Suas políticas conseguiram reduzir a inflação, mas o desemprego aumentou dramaticamente no período.


Durante seu governo, os sindicatos foram amordaçados, setores inteiros da economia (telecomunicações, ferrovias, aeronáutica) foram privatizados, e o chamado "Estado de bem-estar social" foi desmantelado.

Os impostos e os gastos públicos foram reduzidos. Veja o legado econômico do governo Thatcher.
Adversários diziam que Thatcher havia criado uma nação dividida entre o sul, mais rico, e o norte, mais pobre.

Os círculos empresariais a veneravam, mas sua revolução também se chocava com fortes resistências, uma divisão vigente até hoje na avaliação de seu legado.

Nos primeiros anos de seu mandato, foi superada a marca de três milhões de desempregados, nível inédito desde os anos 1930, pós-Grande Depressão.

Cresceram o mal-estar social e os confrontos com os sindicatos, contra os quais declarou uma guerra sem quartel. Não por menos, alguns britânicos foram às ruas celebrar a morte da ex-premiê.
No início dos anos 1980, os mineradores em greve se chocaram com a intransigência da Dama de Ferro, diferente do modo de atuar dos governos anteriores. Seus aliados afirmam que ela evitou que o país caísse vítima de  uma crise energética.

Nova vitória
Apesar dos confrontos e polêmicas, o sucesso militar na guerra com a Argentina pelas Ilhas Malvinas, em 1982, e uma oposição trabalhista rachada ajudaram Thatcher a conquistar uma nova vitória nas eleições de 1983.

Em 1982, quando as tropas argentinas desembarcaram no arquipélago austral das Malvinas, sob dominação britânica desde 1833, Thatcher enviou uma força naval que em dois meses, facilmente, recuperou as ilhas, chamada de Falklands pelos britânicos.

A vitória encaminhou sua reeleição em 1983.

A Argentina reclama posse sobre as ilhas até hoje.


Atentado
Em 1984, Thatcher escapou por pouco de um atentado do IRA (o Exército Republicano Irlandês, com quem foi intransigente), que instalou um carro-bomba numa conferência do Partido Conservador em Brighton. Cinco pessoas morreram e vários ficaram feridas, inclusive colegas dela.

Horas depois do atentado, cumprindo a agenda, ela fez o pronunciamento de encerramento da conferência anual do Partido Conservador, prometendo não fazer concessões na luta contra o terrorismo.

Fim da Guerra Fria
Thatcher cultivou uma relação muito próxima e pessoal com o então presidente dos EUA, o republicano Ronald Reagan, e o reformista líder soviético Mikhail Gorbachov, o que a fez ter um papel importante no fim da Guerra Fria, que opunha os blocos capitalista e comunista.

Por conta disso, nessa época, recebeu, da imprensa soviética, o apelido de “Dama de Ferro”. Era para ser uma crítica, mas ela gostou e "adotou" o apelido.

"Margaret Thatcher era uma grande personalidade política e uma pessoa brilhante. Ela permanecerá na memória e na história", disse Gorbachov sobre a morte, citado pela agência russa Interfax.

Com cartaz 'a bruxa está morta', mulher comemora a morte de Margaret Thatcher nesta segunda-feira (8) em Londres (Foto: AFP)
Com cartaz 'a bruxa está morta', mulher comemora a morte de Margaret Thatcher nesta segunda-feira (8) em Londres (Foto: AFP)

Ceticismo europeu
Ao nacionalismo de Thatcher, somou-se uma desconfiança em relação à União Europeia. Suas críticas aos "burocratas de Bruxelas", gestores do bloco, entraram para a história.

A União Europeia (UE) lamentou nesta segunda a morte da ex-primeira-ministra britânica , que será recordada por suas "contribuições e por suas reservas ao projeto europeu".

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, destacou que a ex-dirigente foi "uma pessoa-chave, e também circunspecta" em relação à construção do projeto europeu.
Terceiro mandato e queda
Nas eleições de 1987, Thatcher ganhou um inédito terceiro mandato. Mas suas políticas controversas, como a adoção de novos impostos (a famosa "Poll Tax", que provocou protestos de rua) e a oposição a qualquer integração mais próxima com a Europa, levaram sua popularidade a cair para o nível mais baixo desde que ela havia assumido o poder, em 1979.

A política interna da primeira-ministra começava a fracassar. Com a inflação alta, o país caminhava para a recessão, e sua liderança começou a ser questionada dentro do próprio Partido Conservador.

Em novembro de 1990, ela concordou em renunciar ao cargo e à liderança do partido, sendo substituída por John Major. A renúncia ocorreu em 22 de novembro.

Ela foi a recordista de tempo de permanência no poder no século XX, com 11 anos.

Bandeira britânica a meio mastro nesta segunda-feira (8) em Downing Street 10, residência oficial do premiê, em homenagem a Margaret Thatcher (Foto: Reuters)
Bandeira britânica a meio mastro nesta segunda-feira (8) em Downing Street 10, residência oficial do premiê, em homenagem a Margaret Thatcher (Foto: Reuters)

Aposentadoria
Após sua saída em prantos de Downing Street, residência oficial do premiê britânico, a baronesa Thatcher se refugiou no elegante bairro londrino de Belravia, onde continuou preparando lucrativas conferências e redigindo suas memórias.

Em fevereiro de 2007, ela tornou-se a primeira ex-chefe de Governo a ser homenageada com uma estátua no Parlamento ainda em vida.

Na época, já havia uns cinco anos que ela não falava e praticamente não era vista em público, depois de ter sofrido dois acidentes vasculares cerebrais leves e devido ao aumento de sua demência senil.

Mas ela viveu o suficiente para ver outro conservador, David Cameron, no poder, depois, depois de 13 anos de governos trabalhistas, embora Cameron tenha sido obrigado a formar uma inédita coalizão com os liberais-democratas.

Em um de seus primeiros discursos importantes, alguns meses depois de sua eleição, em maio de 2010, Cameron, que se apresenta como mais moderado que sua predecessora, definiu Thatcher como "a melhor primeira-ministra em tempos de paz do último século".

Suas radicais posições direitistas alteraram tão profundamente a política britânica que os governos trabalhistas que a sucederam aceitaram muitas das suas políticas, criando o chamado "Novo Trabalhismo", sob os governos de Tony Blair e Gordon Brown.

Em 2011, ela voltou a ser notícia ao ser lançado, no cinema, o filme "A Dama de Ferro". A polêmica produção rendeu a Meryl Streep seu terceiro Oscar de melhor atriz.

Meryl afirmou que Thatcher foi uma pioneira para as mulheres.

Veja essa e outras vezes em que Thatcher foi tema de filmes e de músicas.

Personalidade
Thatcher notoriamente ignorava seus críticos.

"A senhora não é de recuar", disse ela num célebre discurso de 1980 a membros do seu Partido Conservador que pediam mais moderação no seu governo.
Outros que cruzaram seu caminho, particularmente na Europa, estavam sujeitos a violentas diatribes, frequentemente chamadas de "bolsadas", numa alusão à bolsa de couro preto que ela invariavelmente carregava.

"Uma tirana brilhante, cercada por mediocridades", foi como o ex-premiê Harold Macmillan a descreveu. "Aquela mulher sanguinária", foi o veredicto menos complacente de outro ex-premiê, Edward Heath, seu antecessor como líder conservador.

Thatcher deixa dois filhos, os gêmeos Carol, que é jornalista, e Mark, que é empresário.

A ex-premiê britânica Margaret Thatcher acena da entrada de sua casa nesta segunda-feira (1º). (Foto: AFP)
A ex-premiê britânica Margaret Thatcher em uma de suas últimas aparições públicas (Foto: AFP)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Comissão da Verdade atesta que Rubens Paiva foi morto no DOI-Codi


Fonte: Carta Capital.

O deputado federal Rubens Paiva foi assassinado nas instalações cariocas do Destacamento de Operações e Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão de repressão do Exército brasileiro durante a ditadura. De acordo com a Rede Brasil Atual, o que já era uma certeza para amigos e familiares, e uma mentira para militares ligado ao regime, agora é conclusão de um estudo divulgado nesta segunda-feira 4 pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).

Trecho do estudo que confirma a entrada de Rubens Paiva no DOI-Codi. Foto: Reprodução
Trecho do documento que confirma a entrada de Rubens Paiva no DOI-Codi. Foto: Reprodução

O coordenador do grupo, Cláudio Fonteles, encontrou novos documentos sobre o caso Rubens Paiva no Arquivo Nacional e confrontou-os com depoimentos colhidos à época e outras evidências encontradas no ano passado, em Porto Alegre, na casa de um ex-oficial do DOI-Codi que acabara de morrer.

“O Estado Ditatorial militar, por seus agentes públicos, manipula, impunemente, as situações, então engendradas, para encobrir, no caso, o assassinato de Rubens Paiva, consumado no Pelotão de Investigações Criminais (PIC) do DOI-Codi do I Exército”, escreve o coordenador da CNV.

A conclusão está baseada no Informe n° 70, redigido em 25 de janeiro de 1971 pela Agência do Rio de Janeiro do Serviço Nacional de Inteligência (SNI) – uma das peças encontradas por Fonteles.

O documento é o mesmo que o jornalista Jason Tércio, biógrafo de Rubens Paiva, após pesquisas pessoais, cedeu ao jornal Folha de S. Paulo, que o divulgou também nesta segunda-feira.

A CNV tinha planejado divulgar a versão oficial sobre o assassinato de Rubens Paiva na quarta-feira 6, mas foi surpreendida pelo diário paulista e adiantou a revelação.

O Informe 70 relata a história da prisão de Rubens Paiva, levada a cabo por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) em 20 de janeiro de 1971. A narrativa já era conhecida graças ao testemunho de amigos e familiares, além de pessoas que estiveram nas celas do DOI-Codi com Rubens Paiva. Faltava, porém, um documento que a legitimasse perante os militares, que desde então sustentam a versão de que o ex-deputado fugiu após tiroteio com “terroristas” que tentaram resgatá-lo quando era conduzido numa missão de reconhecimento.

“Tivesse acontecido, de verdade, ‘a fuga’ e, por óbvio, esse evento constaria desse pormenorizado registro”, pontua Cláudio Fonteles.

Há menção explícita no documento de que o ex-deputado foi levado à sede carioca do DOI-Codi. “Rubens Beyrodt Paiva foi localizado, detido e levado para o QG da 3ª Zona Aérea e de lá conduzido juntamente com Cecília e Marilene para o DOI.” Cecília Viveiros de Castro e Marilene Corona foram os “rastros” que levaram os militares até Rubens Paiva. Mãe e cunhada de Luiz Rodolfo Viveiros de Castro, que então se encontrava exilado no Chile, Cecília e Marilene voltavam de Santiago num voo da extinta Varig quando foram interceptadas pela repressão.

Os serviços de inteligência haviam recebido a informação de que ambas traziam consigo cartas de alguns militantes exilados no Chile – história que já era conhecida, mas que agora passa a ser confirmada também pelo Informe n° 70 do SNI. Os agentes do Cisa prenderam as mulheres, as levaram para o quartel e lá descobriram que as cartas seriam entregues a Rubens Paiva, que depois se encarregaria de distribuí-las a seus destinatários. Pelo número de telefone do ex-deputado, em posse de Cecília, os repressores chegaram até seu endereço e o capturaram na manhã do dia 20. O documento conta sucintamente, passo a passo, como os militares chegaram a Rubens Paiva a partir da informação sobre as cartas vindas do Chile, diz a Rede Brasil Atual.

Ainda segundo a Rede, além de abordar o Informe n° 70 do SNI, Cláudio Fonteles contrapõe ainda depoimentos já conhecidos de Cecília Viveiros de Castro, que afirma ter visto Rubens Paiva ferido e ensanguentado nas instalações do DOI-Codi, e do médico Amílcar Lobo, que examinou o ex-deputado depois das sessões de tortura, atestando que tinha “poucas horas de vida” devido a uma hemorragia abdominal. O coordenador da CNV também resgatou o depoimento de dois militares, os irmãos e sargentos Jurandir e Jacy Ochsendorf, que teriam participado do comboio que “perdeu” Rubens Paiva para os “terroristas”, além do chefe do operativo, capitão Raimundo Ronaldo Campos. Para Cláudio Fonteles, seus depoimentos são contraditórios.

“Enquanto o então capitão Raimundo Ronaldo Campos, que ‘comandava a diligência’, afirma que ‘todos se jogaram no chão para proteção do ataque, logo a seguir se postaram para revidar ao ataque, momento em que viram uma pessoa atravessar a rua em meio a outro carro’, os outros dois comandados, os sargentos e irmãos Jurandir e Jacy Ochsendorf, textualmente registram: ‘que o declarante não pode afirmar ter visto o prisioneiro se evadir do local’ e ‘que o declarante não sabe informar qual o destino tomado pela pessoa que o acompanhava no banco de trás do carro, tanto assim que nem chegou a ver a citada pessoa sair do carro’.”

As novas revelações confirmam que Rubens Paiva esteve na sede do DOI-Codi e reforçam a tese de que foi torturado e assassinado ali mesmo. Contudo, permanece um mistério: o que foi feito de seu cadáver? Há suspeitas de que o ex-deputado foi enterrado como indigente no cemitério do Caju ou nas proximidades de uma delegacia no Alto da Boa vista, zona norte do Rio de Janeiro. Também se aventa a possibilidade de que o corpo de Rubens Paiva tenha sido lançado ao mar num “voo da morte” empreendido pela Aeronáutica.

Esqueleto achado em Leicester é do rei britânico Ricardo III

Ossos foram encontrados em estacionamento na cidade inglesa.
Rei morreu em 1485 no campo de batalha e foi tema de Shakespeare.

Da AFP (G1)

Um esqueleto achado em um estacionamento de Leicester (centro da Inglaterra) é do Rei Ricardo III, morto em 1485 no campo de batalha e imortalizado por Shakespeare, anunciaram especialistas nesta segunda-feira (4).

"A conclusão acadêmica da Universidade de Leicester é que, além de qualquer dúvida razoável, o indivíduo exumado em Greyfriars, em setembro de 2012, é efetivamente Ricardo III, o último rei da Inglaterra da casa Plantagenet", afirmou o arqueólogo Richard Buckley, que encabeçou a investigação , desencadeando aplausos do público.

Arqueologistas trabalham em local onde esqueleto foi encontrado em Leicester (Foto: Darren Staples/Reuters)Arqueologistas trabalham em local onde esqueleto foi encontrado em Leicester (Foto: Darren Staples/Reuters)

Os restos mortais do soberano serão sepultados na catedral da cidade, informou a universidade.

Até o momento, se sabia que o monarca, de reputação polêmica, faleceu em 1485 com armas nas mãos na batalha de Bosworth Field, perto de Leicester. Sua morte encerrou a Guerra das Rosas.

Mas seu corpo nunca havia sido encontrado. Segundo alguns textos, o rei estava em uma capela franciscana, destruída no século XVI. Segundo outros rumores, o corpo teria sido jogado em um rio.

Pesquisadores descobriram que crânio encontrado pertencia ao rei Ricardo III (Foto: University of Leicester/Reuters)Pesquisadores descobriram que crânio encontrado pertencia ao rei Ricardo III (Foto: University of Leicester/Reuters)

No final de agosto, especialistas do Departamento de Arqueologia da Universidade de Leicester iniciaram as buscas no subsolo de um estacionamento do centro da cidade.

No início de setembro, encontraram um esqueleto bem conservado de um homem, que apresentava indícios surpreendentes: uma coluna vertebral deformada e ferimentos que poderiam ser similares às agressões letais infligidas ao rei no campo de batalha.

O "mistério do rei do estacionamento" atraiu a comunidade científica e provocou a festa da imprensa sensacionalista.

William Shakespeare imortalizou Ricardo III como um tirano corcunda que matou os dois sobrinhos que impediam seu acesso ao trono da Inglaterra, entrando assim para a história com uma péssima reputação.

Os cientistas esperam que a descoberta possibilite uma nova visão sobre seus dois anos de reinado.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Os segredos do fado

O tradicional ritmo português tem como instrumentos básicos a guitarra portuguesa e o violão. E uma grande voz sempre.

ANDRÉ LUIZ AZEVEDO, Lisboa, para o Jornal Hoje

O fado é um dos ritmos mais tradicionais de Portugal.

Uma música que se escuta no escuro... com silêncio reverencial... em ambientes sofisticados, de luxo... mas às vezes também é preciso se sentar no chão. Jovens... senhores... homens... mulheres... são os cantores de fado de Lisboa.

Se vestem sempre de negro, as mulheres só cantam de olhos fechados... não precisam de microfone nunca... querem mesmo exibir a potência da voz.

Esse é o mundo do fado da noite de Lisboa. E é percorrendo becos, subindo e descendo escadarias que descobrimos a música típica portuguesa.

O português com sotaque brasileiro, criado no Rio de Janeiro, Rui Valente cita as características do fado: "Música melancólica, triste, mas bonita... para um brasileiro, que está acostumado com alegria... mas que te leva para uma coisa que você nem sabe explicar direito o que é que é", diz sorrindo.

Os instrumentos básicos do fado são a guitarra portuguesa e o violão. E uma grande voz sempre. O público adora. Dizem que há centenas de locais para se ouvir o fado em Lisboa.

Um antigo convento que foi transformado numa casa noturna. O lugar é tão apertado que para ter o show tem que fechar a única porta e aí quem está dentro não sai e quem está fora não entra.
Em um lugar assim a voz ressoa mais ainda.

Um fadista de 89 anos estava se apresentando. Ali é preciso sentar no chão mesmo para ouvir uma das jovens revelações da música portuguesa. Mesmo com todo o aspecto bem mais moderno, Raquel Tavares diz que é uma fadista tradicional, mas que gosta de cantar coisas alegres também.

"Porque o fado, na minha opinião, é cantar a vida. E cantar a vida não é só cantar a tristeza felizmente a vida não é só feita de coisas tristes", diz a fadista.

Assim como a música brasileira invadiu Portugal há muitos anos e ficou. O fado português também sonha em conquistar o Brasil. E já tem muitos fãs entre os brasileiros.

"Poesia cantada é dramatica sempre. Às vezes, um pouco exageradamente dramática né, mas é sempre bonito", conclui o escritor Luiz Fernando Veríssimo.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Diário de Che Guevara é divulgado na internet

Portal na Internet traz reprodução do diário do guerrilheiro Che Guevara


Portal na Internet traz reprodução do diário do guerrilheiro Che Guevara
DA AFP, EM LA PAZ

Uma cópia manuscrita do diário do guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara, com suas notas sobre a guerrilha que liderou na Bolívia, foi disponibilizado pela primeira vez na internet, informou nesta segunda-feira o jornalista e pesquisador boliviano, Carlos Soria Galvarro.

"O objetivo é que um documento histórico esteja ao alcance de todos. A internet permite que esteja ao alcance de todo mundo para saber o que aconteceu há 45 anos", disse à AFP Soria Galvarro, que dirige o portal www.chebolivia.org

Nesta página do pesquisador boliviano é possível observar uma cópia facsimilar do diário de Che Guevara, conhecida como a Agenda Alemã, com a preparação da guerrilha e sua efetivação na Bolívia, de janeiro a outubro de 1967.

O pesquisador acrescentou que "também são divulgadas notas com esclarecimentos, para que uma pessoa possa entender melhor o que aconteceu há 45 anos".

Soria Galvarro teve acesso ao diário original na década de 90, quando a Bolívia recuperou o documento, depois de uma empresa inglesa ter tentado vendê-lo em um leilão público. Desde então o documento está nos cofres do Banco Central da Bolívia.

O governo boliviano já divulgou as cópias manuscritas do diário de Che em outubro de 2009, com uma edição limitada de cerca de 1.000 exemplares, mas agora o histórico material está à disposição de todos.

Che Guevara foi assassinado em 8 de outubro de 1967.

Fonte: Folha de S.Paulo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nova York tem bairro fundado por imigrantes que reúne muitas histórias

O Lower East Side recebeu imigrantes da Alemanha, do leste europeu e da Itália, no fim do século XIX. Hoje, reúne ótimos restaurantes, bares históricos e uma vizinhança jovem e ligada em moda.

Elaine Bast, Nova York, EUA, para o Jornal Hoje
 
Lower East Side já foi o bairro com a maior concentração de imigrantes judeus do mundo. Hoje é conhecido por boas compras e boa comida. O nome vem da localização geográfica, ao sudeste de Manhattan.

A cada dia surge uma nova lojinha. Nessa região da cidade, o que importa é o charme dos produtos. Uma vizinhança jovem divide espaço com a tradição.

No fim do século XIX, o Lower East Side recebeu imigrantes da Alemanha, do leste europeu e da Itália. Sete mil deles viveram em um único prédio, que virou um museu. Os apartamentos estão preservados como há dezenas de anos. Parece que o tempo não passou.

 A Delicatessen Katz, fundada há 124 anos, é a mais antiga de Nova York e famosa pela qualidade do pastrami de fatias suculentas. O salão amplo tem um ambiente despojado, com neons, retratos nas paredes e salames nos balcões.

No restaurante, existem 75 mesas, mas uma delas é a mais disputada do lugar. Foi ali que Harry encontrou Sally. Na mesa, foi gravada a cena famosa do filme "Harry e Sally: Feitos Um Para o Outro".

Nas lojinhas de roupas e acessórios do bairro, são vendidos trabalhos de novos estilistas. Gente desconhecida e talentosa.

Ao lado das roupas há um bar. Enquanto as mulheres compram, os homens ficam lá esperando. Uma das donas diz que muitos até voltam sozinhos depois só para tomar um drink.

Um bar do Lower East Side é muito especial, mas fica bem escondido. É possível passar por ele sem perceber. Depois de entrar por uma portinha e passar por corredores escuros, encontramos o lugar quase secreto.
 
A decoração é da década de 20, época da lei seca nos Estados Unidos, quando a venda de bebidas alcoólicas foi proibida no país. Os bares operavam na ilegalidade, as cervejas eram escondidas em sacos e os drinks servidos em xícaras de chá. O hábito é mantido até hoje neste bar.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Cavaleiros pulam fogueira em festa tradicional na Espanha


Celebração ocorre na pequena aldeia de São Bartolomeu de Pinares.
Festa lembra Santo Antônio, o santo padroeiro dos animais.

Do G1, com informações da AP
Festa destina-se a purificar os animais com a fumaça do fogueiras, bem como protegê-los pelo resto do ano (Foto: Daniel Ochoa de Olza/AP)Festa destina-se a purificar os animais com a fumaça do fogueiras, bem como protegê-los pelo resto do ano (Foto: Daniel Ochoa de Olza/AP)

Um homem montado a cavalo pula por cima de uma fogueira em São Bartolomeu de Pinares, na Espanha, na noite desta quarta-feira (16), em uma tradicional comemoração em honra de Santo Antônio, o santo padroeiro dos animais.

Na véspera do dia de Santo Antônio, centenas de cavaleiros montam em seus cavalos nas ruas estreitas da pequena aldeia de São Bartolomeu.

A celebração ocorre durante a "Luminarias", uma festa típica que remonta 500 anos atrás e destina-se a purificar os animais com a fumaça do fogueiras, bem como protegê-los pelo resto do ano.

Cavaleiros montam em seus cavalos nas ruas estreitas de São Bartolomeu (Foto: Daniel Ochoa de Olza/AP)Cavaleiros montam em seus cavalos nas ruas estreitas de São Bartolomeu (Foto: Daniel Ochoa de Olza/AP)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Estátuas que podem ter inspirado poeta latino são achadas em Roma


Local era propriedade do mecenas de Ovídio.
Grupo de 7 estátuas foi encontrado em antiga piscina.

Agencia EFE
Fonte: G1.

Estátuas que podem ter inspirado o poeta latino Ovídio na criação de sua obra-prima, "Metamorfoses", foram descobertas por um grupo de arqueólogos na vila romana de seu mecenas Marco Valerio Messalla, que foi cônsul junto com o imperador Otávio Augusto.

Tratam-se de sete esculturas maciças de 2 metros de altura que ilustram o mito grego de Niobe e os Niobids, a que o poeta romano se referiu em uma das passagens mais célebres de "Metamorfoses", obra concluída no ano 8 d.C..

Cabeça de uma das sete estátuas recuperadas (Foto: AFP)Cabeça de uma das sete estátuas recuperadas (Foto: AFP)

Frequentador assíduo da casa de campo de seu mecenas, é possível que Ovídio tenha contemplado todo o esplendor desse grupo escultórico e se inspirado para transferir da escultura à poesia a tragédia do mito de Niobe, cuja soberba foi punida com a morte de seus filhos.

A superintendente de Arqueologia da região do Lácio, Elena Calandra, explicou nesta terça-feira (9) à agência Efe que existe ainda a hipótese de que o próprio Ovídio tenha sugerido a Mesalla que colocasse as esculturas na piscina do sítio, na cidade de Ciampino (Roma), onde foram encontradas durante escavações preventivas.

Além de protetor de Ovídio, Valerio Mesalla criou o círculo artístico frequentado por alguns intelectuais e poetas mais importantes da época de Augusto (63 a.C. - 14 d.C.), como Albio Tibullo, de quem o cônsul também foi mecenas.

Para o diretor científico das escavações, Alessandro Betori, a importância da descoberta realizada entre junho e julho de 2012, é que, embora já tenham sido encontradas antes esculturas relacionadas com o mito de Niobe, é a primeira vez que aparece de forma homogênea grande parte do grupo dos Niobids.

Entre as figuras, destaca-se a escultura de Niobe assistindo desesperada à morte de seus filhos e duas de dois homens jovens que presenciam a morte de seus irmãos.

Estátuas podem ter inspirado o poeta Ovídio  (Foto: AFP)Estátuas podem ter inspirado o poeta Ovídio (Foto: AFP)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Milhares se reuniram em Bilbao para pedir retorno de prisioneiros do ETA


Manifestantes falaram em 'independência' e 'anistia'.
Grupo separatista também exige a libertação de membros.

Da France Presse
Fonte: G1.

Aos gritos de 'independência' e 'anistia agora', milhares de pessoas se reuniram neste sábado (12/01), em Bilbao, na Espanha, para pedir o retorno dos prisioneiros do ETA ao País Basco, uma exigência também apresentada pela própria organização separatista, que renunciou à luta armada em outubro de 2011.

Manifestação em Bilbao (Foto: Rafa Rivas/AFP)Manifestação em Bilbao, neste sábado (12) (Foto: Rafa Rivas/AFP)

"Estou muito impressionada com a magnitude da manifestação", organizada pela associação de defesa de prisioneiros Herrira ('Para o país', no idioma basco), disse à AFP a militante basca francesa Aurore Martin, que participou do protesto.

A prisão de Martin em novembro do ano passado na França e seu envio às autoridades espanholas, onde era requerida por participar de uma reunião proibida, foi fortemente criticada no País Basco. Martin ganhou liberdade condicional na Espanha e pode voltar à França em 22 de dezembro.

Manifestação em Bilbao (Foto: Rafa Rivas/AFP)Milhares se reuniram no País Basco (Foto: Rafa Rivas/AFP)

Dezenas de familiares de detidos bascos marchavam carregando uma enorme vela que simbolizava a espera por seu retorno. 'Espero que o governo espanhol se mova. Enquanto o problema dos presos não for solucionado, a paz nunca chegará, porque essa é a chave da solução do conflito', afirmou Begonia Macazadas, de 75 anos, que tem um primo detido em Paris.

Apenas alguns membros, dentre os 700 militantes do ETA, estão atualmente em liberdade. De acordo com o Herrira, '607 estão em prisões na França e na Espanha, dispersos a uma distância de cerca de 750 quilômetros entre eles'.

'Também há prisioneiros bascos na Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e Portugal. Treze deles estão gravemente feridos', segundo a associação.

Manifestantes em Bilbao (Foto: Rafa Rivas/AFP)Pessoas tomaram as ruas de Bilbao (Foto: Rafa Rivas/AFP)

Cientistas encontram dez covas com mais de mil anos no México


Achado aconteceu perto do sítio arqueológico de Chichén Itzá.
Foram localizadas pelo menos sete ossadas, além de peças de cerâmica.

Da AFP
Fonte: G1.
 
Ornamento encontrado perto de Chichén Itzá (Foto: Inah/Divulgação)
Ornamento encontrado perto de Chichén Itzá
(Foto: Inah/Divulgação)
 Uma dezena de covas com mais de mil anos de antiguidade, com restos humanos e peças de cerâmica, foi encontrada nas proximidades do sítio arqueológico maia de Chichén Itzá, no sudeste do México, informou esta terça-feira (15) o Instituto Nacional de Antropologia e História (Inah).

"Especialistas do instituto recuperaram uma dezena de enterros com mais de mil anos de antiguidade. A maioria dos esqueletos foi encontrada dentro de fossas, junto com quase 30 peças de cerâmica", informou em um comunicado o instituto, vinculado ao governo mexicano.

Os enterros, localizados a 20 km de Chichén Itzá, um dos maiores centros de desenvolvimento de cultura maia, correspondem provavelmente aos anos 600 e 800 da nossa era, segundo o instituto.

Estas descobertas e outras feitas na região permitiram "estabelecer que há mais de 1.200 anos havia uma densidade populacional importante, dispersa em assentamentos próximos", acrescentou o comunicado.
 
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Foram localizadas ao menos sete ossadas, ao lado das quais, à maneira de oferendas, havia 30 peças de cerâmica, entre pratos, vasos, tigelas, além de pontas de obsidiana, contas de jade e brincos de conchas, o que indica que se comercializava com outras regiões da Mesoamérica.

Algumas das peças têm inscrições em hieróglifos, o que é pouco comum na área. A cultura maia se desenvolveu em cinco distritos do sudeste do México, assim como em Guatemala, El Salvador, Honduras e Belize.

Especialistas encontraram pelos menos 7 ossadas (Foto: Inah/Divulgação)
Especialistas encontraram pelos menos 7 ossadas (Foto: Inah/Divulgação)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Cuba derruba exigência de permissão para deixar país


A partir de janeiro de 2013, será necessário apenas um passaporte válido para cubanos viajarem ao exterior

BBC
Reuters
Homem cubano restaura Fiat em rua de Havana (24/4)

Cuba anunciou que, a partir de 14 de janeiro de 2013, não será mais necessário que cidadãos do país obtenham permissão de saída para viajar ao exterior. A mídia estatal disse que a medida é uma atualização das leis de imigração e reflete "circunstâncias atuais e futuras".

Saiba mais:Veja o especial do iG sobre a vida em Cuba


Atualmente, os cubanos que querem viajar ao exterior têm de passar por um processo longo e caro para obter a permissão e, frequentemente, dissidentes têm seu pedido negado. Em 2013, será necessário apenas um passaporte válido para que cubanos deixem o país.

A medida é a última de um pacote de mudanças promovidas pelo presidente Raúl Castro.

A correspondente da BBC em Havana, Sarah Rainsford, diz que o processo de obtenção de permissão de viagem é odiado pela maioria dos cubanos.

Com as mudanças, cubanos com residência permanente na ilha poderão ficar no exterior até 24 meses sem necessidade de renovar a documentação. Atualmente, o prazo é de 11 meses.

Rainsford diz ainda que, anteriormente, o governo de Cuba encarava as pessoas que tentavam sair do país como traidores e inimigos da revolução.

Sob o comando do presidente Raúl Castro, que sucedeu seu irmão, Fidel Castro, em 2008, o país vive um processo de abertura, com a gradual redução de diversas restrições nas áreas política, econômica e social.

Fonte: Último Segundo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Lisboa: ruas da cidade tem nomes criativos e inusitados


Nomes das ruas de Lisboa são convite à imaginação em Portugal

Rua Triste-Feia, beco do Cascão são alguns dos nomes inusitados. Especialista explica que o nome que o povo dá sempre prevalece.

André Luiz Azevedo, Lisboa, Portugal, para o Jornal Hoje

 
Pegue o beco do Carrasco, vire à direita na calçada do Cascão e de repente a rua da Triste-Feia. Uma indicação assim só em Lisboa mesmo.

Nosso passeio pelas ruas e bairros de nomes curiosos começa ao pegar um ônibus para o bairro do Senhor Roubado. O lugarejo parece não se envergonhar do nome. Ele está estampado no pequeno comércio. Mas quem será que foi o tal senhor roubado?

O Senhor Roubado foi a imagem do Nosso Senhor Jesus Cristo roubada de uma igreja no século 17. Percorrendo ruas e becos, chegamos a uns nomes curiosos. Outros que fazem referência a profissões, moradores.

A travessa do Judeu faz esquina com a rua do Poço dos Negros. A rua do André Valente não tem nada a ver comigo, mas há também lembranças sinistras como o beco do Carrasco. Será que é lembrança da época da perseguição religiosa?

Na feira da Ladra, uma das mais antigas de Lisboa, as mercadorias são aquelas comuns em feiras de quinquilharias, algumas antiguidades, mas quem será que deu o nome à feira? Nós procuramos o professor de história de Lisboa, João Alves Dias, para entender como surgem nomes tão curiosos assim.

Ele dá o exemplo de um dos lugares mais conhecidos da capital portuguesa: o Chiado. A placa diz que é em homenagem ao poeta que tinha esse apelido. Mas o professor diz que, na verdade, é por causa do chiado das rodas dos bondes e das antigas carruagens, mas o importante, ele diz, é que o nome que o povo dá sempre prevalece.

Mas logo aparece alguém para esclarecer a origem de um nome tão estranho para a rua Triste-Feia. Um morador da região explica: “dizem que era uma senhora que vivia na parte de cima da rua e que não era muito bonita e daí o nome”.

Olhando a cidade do alto, não dá nem para imaginar quantos nomes de ruas, becos, bairros interessantes, divertidos e curiosos ainda há para descobrir em Lisboa.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Jerusalém pelas janelas de seus moradores


Moradores da Cidade Velha veem pelas janelas seus lugares sagrados

Correspondente da Rede Globo passeia pela Cidade Velha, em Jerusalém, em 27/10/12.
As janelas revelam pontos sagrados para cristãos, muçulmanos e judeus.

Carlos de Lannoy, Jerusalém, para o Jornal Hoje
 
 
Percorremos as ruas da velha cidade de Jerusalém. No bairro judeu, atravessamos a sala da casa até a janela que nos leva para o terraço. Sempre tem algum detalhe que chama a atenção: o gato curte a paisagem e o catavento indica que a brisa é constante.

Há janelas para todos os gostos, de todos os tamanhos e formas. Podemos ver o portão de Jafa e outros pedaços da história. Naquela que virou vitrine, é interessante observar a cerâmica fabricada pelos armênios. O livreiro aproveitou o marco para expor os seus livros em árabe. Antenas de televisão e tanques de água dividem a paisagem com cruzes, os campanários das igrejas, os moazins que chamam os muçulmanos para a reza. Por trás do farol, é possível avistar o teto da velha sinagoga. Do alto dá para ver o burburinho dos turistas e o bate-papo dos religiosos. Fotografar é como abrir uma janela na memória. "Tem uma surpresa em cada esquina", diz a turista canadense.

No muro das lamentações, sempre tem gente rezando. Mesmo janelas que acumulam poeira têm certo charme. Na barbearia, enquanto o cliente reforma o “telhado”, a gente acompanha o movimento na Via Dolorosa, a rua onde Jesus passou carregando a cruz.

No prédio onde mora o Emil, um cristão árabe, tem uma janela quebrada com vista para toda a cidade. A escada conduz ao telhado onde, entre roupas penduradas no varal, podemos contemplar a Igreja do Santo Sepulcro. Do outro lado mesquitas e sinagogas. "É um sentimento muito legal acordar de manhã e ter essa vista. Parece que estamos mais perto de deus, com todos esses templos do lado", diz.

Em frente à casa do Emil tem uma obra. É uma restauração. A casa antiga está hoje alguns metros abaixo do nível da rua. As portas e janelas da casa já não mostram mais a paisagem. Apenas contam a história da cidade destruída e reconstruída inúmeras vezes.

Jerusalém tem 30 mil moradores e recebe mais de três milhões de visitantes. Os russos Igor e Maria contam que já ficaram em hotéis modernos, fora dos muros, mas desta vez preferiram ficar em um edifício antigo, que tem janelas e uma vista deslumbrante. "Daqui do alto dá para sentir a incrível energia da cidade", diz ele.

As construções em Jerusalém são todas muito antigas. A casa onde o Afif mora com a mulher, quatro filhos e a mãe tem mais de 800 anos. Ele nos levar para um lugar muito especial e prova porque é considerado um dos moradores mais privilegiados da cidade velha. A casa dele é uma das poucas que fica sobre o muro que contorna o chamado monte do templo pelos judeus, lugar onde os muçulmanos ergueram seus templos há mais de 1.300 anos. Alguns metros separam o pátio do domo da rocha e da mesquita de Al Aqsa. Todas as manhãs, sentado na cama, faz uma leitura. Afif abre a cortina e pela janela recebe em seu quarto o brilho e a energia da cúpula dourada. Enquanto olha para o templo, bem ali à sua frente, ele resume: "esse lugar é o meu coração".

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Pinturas de Michelangelo feitas há 500 anos são atrações no Vaticano

Capela Sistina foi construída no século XV.
Cerca de 20 mil turistas visitam o Vaticano diariamente.

Ilze Scamparini, Vaticano, para o Jornal Hoje
 
 
No dia 24/11/12, a correspondente Ilze Scamparini, da Rede Globo, visitou a Capela Sistina, no Vaticano, no aniversário de 500 anos dos afrescos de Michelangelo. Os museus do Vaticano recebem cerca de 20 mil turistas por dia, cinco milhões por ano.

Michelangelo, até então reconhecido como escultor, inventou a tridimensionalidade na pintura. Na história da arte, os anjos e profetas em movimento, de um Michelangelo atormentado, mudaram o conceito até do corpo humano.

A Capela Sistina, construída no século XV, hoje preocupa. O diretor dos Museus Vaticanos, Antonio Paolucci, observa que é necessário pensar na conservação do patrimônio. O pó, a umidade e até a respiração dos turistas podem comprometer as obras.